Avaliar e pensar o hoje, com o objetivo de desenvolver práticas que respeitem o meio ambiente e as pessoas, permitindo a perenidade dos negócios, independentemente de seu porte. É a esse propósito que se relacionam as práticas de ESG – sigla em inglês para Environmental, Social and Governance (ambiental, social e governança).
Para identificar o perfil de sustentabilidade da indústria paranaense e mobilizar os setores industriais, a Fiep desenvolveu a pesquisa Bússola da Sustentabilidade, iniciativa que teve sua primeira edição em 2017 e, em sua terceira edição, traz informações fundamentais que visam sensibilizar e orientar a respeito das práticas de sustentabilidade que influenciam a sociedade e também a competitividade dos negócios.
“O levantamento de informações feito por meio da Bússola é uma forma de auxiliar as empresas paranaenses na construção de uma ‘nova indústria’, que demonstre um crescimento em produtividade e receitas, mas que esteja também alinhada à sustentabilidade em seus aspectos sociais, ambientais, econômicos, culturais e geográficos”, comenta Raquel Valença, gerente de Estudos, Pesquisas e Tendências no Observatório Sistema Fiep.
A pesquisa que compõe a Bússola aborda 8 dimensões:
- Planejamento e Gestão de Processos;
- Gestão de Pessoas;
- Produção;
- Cadeias de Suprimento e de Distribuição;
- Consumidores;
- Parcerias Institucionais;
- Meio Ambiente;
- Engajamento Local.
Os resultados demonstram o nível de maturidade da organização em cada dimensão. No levantamento feito em 2022, cujas respostas são divulgadas neste ano, foram 254 empresas participantes de todo o Paraná, sendo cerca de metade delas de micro e pequeno porte. Para Márcia Maria de Arantes, coordenadora de Pesquisa e Design de Serviços no Observatório Sistema Fiep, “foi possível verificar nesta edição um crescimento nos resultados dos negócios de menor porte, o que demonstra que muitos gestores estão se conscientizando de que sustentabilidade não é um custo e, sim, um investimento que pode ser um diferencial competitivo poderoso, mesmo para as micro e pequenas empresas”.
Segundo as pesquisadoras, houve uma evolução nos resultados em todas as temáticas em comparação às edições anteriores de 2017 e 2019, com destaque para as dimensões:
- Produção (produção mais limpa/ inovação);
- Cadeias Produtivas (seleção de fornecedores/ transporte e distribuição);
- Meio Ambiente (conservação ambiental/ riscos e desastres);
- Engajamento Local (relações com a comunidade/ governança pública).
“Do ponto de vista estratégico, avaliamos uma evolução positiva da temática sustentabilidade ao longo dos anos da realização da Bússola, com refinamento e ampliação das políticas. O mercado consumidor e o investidor têm valorizado progressivamente empresas alinhadas aos preceitos desse tema, que é tão importante para a sociedade”, afirma Raquel.
“Cada vez que uma empresa é instigada a responder a questionários de autoavalição como os da Bússola, existem três caminhos; descartar, preencher apenas proforma ou abraçar a oportunidade para fazer uma análise mais consciente. Nossa escolha foi pela participação ativa que nos permitisse enxergar e entender nossa responsabilidade e os impactos de nossa atividade no lugar e mercado onde estamos inseridos”, comenta Carol Padilla Canestraro, diretora da Metalus, empresa de médio porte, prestadora de serviços na área metal mecânica, localizada em São José dos Pinhais.
A Metalus participou das três edições do levantamento. “No nosso caso, nos surpreendemos em várias questões e descobrimos que, de forma intuitiva, já tínhamos práticas socioambientais, como uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) e ações voltadas para a economia reversa e economia circular, mas não tínhamos essa clareza”, comenta.
Para a empresária, preencher o questionário e participar das reuniões da Bússola são uma oportunidade de pensar em novas práticas, ouvindo exemplos de outras empresas. “A empresa cresce com essa troca, mas no final, é o planeta e o futuro da sociedade que acabam tendo maiores ganhos”, completa.
Um dos frutos gerados pela pesquisa é a parceria da Metalus com a Fiep na elaboração de um projeto de ESG. Desenvolvido respeitando as especificidades da empresa, é composto de normativas socioambientais e métricas de acompanhamento.
“Quando passamos a ter controles, observamos que as práticas de sustentabilidade trazem uma série de benefícios, inclusive na forma como a empresa se apresenta aos seus parceiros comerciais e perante seus funcionários. São ganhos financeiros e de reputação que trazem orgulho para todos”, comenta.
Outra empresa participante e que hoje conta com ações de sustentabilidade desenvolvidas a partir dos resultados da Bússola é a GMTEX. Sediada em Londrina, a indústria é especializada no segmento private label com produção de roupas em tecido jeans e sarja para grandes magazines e redes de lojas de médio porte. Roberta Lima, gerente administrativa, comenta que a Bússola é uma das iniciativas que a GMTEX participa junto ao Sistema Fiep. “Recebemos muito apoio desde o início da empresa. Eu mesma já participei de mentorias, diagnósticos, treinamentos in company e outras atividades”, comenta.
Um dos principais resultados da participação da empresa no levantamento foi a criação de um Comitê de Sustentabilidade, do qual Roberta é presidente. A GMTEX conta também com o Relatório Anual de Sustentabilidade, metas mensais e anuais, além das Metas 2030, com foco na produção mais limpa e no gerenciamento dos recursos naturais, com indicadores de melhorias para uso da água, energia, produtos químicos e resíduos. (Do G1 Paraná/Sistema FIEP)